Retificar
corrige amando para que a chama de teu auxílio não se apague ao golpe
rijo do desespero. Não prescindirás da bondade e da tolerância na
retificação dos elementos mais simples. O próprio ato de remendar a peça
de roupa humilde, recuperada para servir-te, reclama desvelo justo.
Lembra-te de que o cirurgião recorre à anestesia para atender ao órgão
doente e recorda que o artista trabalhando a pedra obscura, não a
golpeia sem amor, a fim de que o buril, manejado com sabedoria e
ternura, dela arranque a obra-prima que lhe expressará o sonho de
perfeição e beleza. Se realmente amas aquele que a sombra afeia e
desfigura, não cobri-lo-ás de impropérios e maldições, porquanto,
condenar quem já é de si mesmo desorientado e infeliz é o mesmo que
precipitar o viajante inseguro no abismo das trevas ou acelerar a agonia
do enfermo, arrojando-o ao visco da morte. Não basta sentir o veneno do
mal e perceber-lhe a influência. É imprescindível descobrir o antídoto
do bem para administrá-lo, sem alarme, na hora certa. Diante dos
corações que reconheces transviados em pedregoso caminho, estende em
silêncio os braços amigos para que a fraternidade exalte o ministério da
salvação, sem os remoques da crueldade que apenas conseguem piorar as
moléstias do espírito, assim como a imprudência do enfermeiro alarga a
ferida que as suas mãos se propunham a curar. Guarda a certeza de que à
frente do nevoeiro não vale gritar para que a sombra se extinga. É
necessário o socorro da paciência com a firme disposição de acender nova
luz. “JCR”
José Carlos Ribeiro – Presidente ASDENSA
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